Arquitetura é música congelada. -Arthur Schopenhauer-
domingo, 24 de abril de 2011
Inhotim
Simplesmente incrível. É o que eu diria sobre Inhotim: um parque (localizado em Brumadinho, há 50 km de Belo Horizonte) que, por abrigar galerias e obras de diversos artistas, além de ser maravilhoso, é igualmente rico culturalmente.
Em nossa ida até lá - que aconteceu no dia 14 de abril -, foi possível nosso contato com obras de diferentes estilos e de diferentes grandezas, cada qual causando um certo impacto em nós. É um lugar que, definitivamente, merece ser visitado e apreciado.
Apesar de muitas das obras serem extremamente interessantes e merecer a atenção de quem visita Inhotim, vou-me deter em uma das várias galerias que por lá se encontram: a galeria da artista plástica Adriana Varejão.
Primeiramente, para entender o contexto de suas obras que estão em exposição em Inhotim, é nessário saber quem é a Adriana e como funciona o seu trabalho. Para tanto, o vídeo a seguir, uma entrevista feita com a própria artista, ajudará a esclarecer tais pontos.
A artista fala sobre o começo despretensioso, como o mundo inspira alguns trabalhos em série e a publicação da sua obra no livro "Entre carnes e mares".
Inh
"Adriana Varejão vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde nasceu. Realizou sua primeira exposição individual em 1988 e na mesma época participou de uma coletiva no Stedelijk Museum, Amsterdã. Participou de importantes Bienais como Veneza e São Paulo e sua obra já foi mostrada em grandes instituições internacionais como MOMA (NY), Fundação Cartier em Paris, Centro Cultural de Belém em Lisboa e Hara Museum em Tóquio. Em 2008, foi inaugurado um pavilhão com obras suas no Centro de Arte Contemporânea Inhotim em Minas Gerais. Adriana está presente em acervos de importantes instituições, entre elas Tate Modern em Londres, Fundação Cartier (Paris), Stedelijk Museum (Amsterdã), Guggenheim (Nova Iorque) e Hara Museum (Tóquio).
Galeria Adriana Varejão, Inhotim
Através da releitura de elementos visuais incorporados à cultura brasileira pela colonização, como a pintura de azulejos portugueses, ou a referência à crueza e agressividade da matéria nos trabalhos com “carne”, a artista discute relações paradoxais entre sensualidade e dor, violência e exuberância. Seus trabalhos mais recentes trazem referências voltadas para a arquitetura, inspirada em espaços como açougues, botequins, saunas, piscinas etc, e abordam questões tradicionais da pintura, como cor, textura e perspectiva."
Por Wikipédia
Entrada da galeria vista por dentro
Um fato bastante curioso é que, em fevereiro desse ano, uma obra de Adriana Varejão bateu, em Londres, o recorde de maior valor já pago pela obra de um artista brasileiro ainda vivo. "Parede com Incisões a la Fontana II", da artista carioca, foi arrematado em leilão da Christie's por 1,1 milhão de libras, R$ 2,971 milhões.
Voltando à Inhotim, a galeria projetada pelo arquiteto Rodrigo Cerviño Lopez, para expor as obras da Adriana, é totalmente impressionante. Juntamente com as composições da artista, o espaço torna-se absurdamente envolvente e imponente em meio a uma área de mata virgem.
Terraço da Galeria
"A Galeria Adriana Varejão, inaugurada em março de 2008, é um espaço concebido para receber as obras da artista, que participou da conceituação do projeto arquitetônico. A galeria foi especialmente planejada para receber as obras Celacanto provoca Maremoto(2004-2008), Linda do Rosário (2004), O Colecionador (2008), Panacea Phantastica (2003-2008) ePassarinhos - de Inhotim a Demini (2003-2008). O edifício, de autoria do arquiteto paulistano Rodrigo Cerviño Lopez, tem 477m² e cria um percurso que começa num caminho por entre um espelho d'água e, depois do primeiro pavimento, culmina numa grande praça elevada. Através desse terraço, uma ponte serve de acesso a uma área de expansão de Inhotim, a área do novo lago."
"As faces cegas de concreto aparente fazem com que a edificação se assemelhe a um grande paralelepípedo que, observado da cota mais baixa, parece em parte levitar, enquanto em outro trecho aparenta estar encravado no terreno."
As obras ali espostas são:
Carnívoras
O políptico toma como referência as pinturas de azulejo de figuras avulsas. Ao contrário dos grandes painéis, que na azulejaria tradicionalmente narram acontecimentos históricos, aqui cada azulejo representa uma figura isolada, em contraste com a narrativa épica de Celacanto provoca maremoto (2004-2008). Varejão escolheu representar as espécies Darlingtonia, Dionaea, Drosera, Heliamphora e Nepenthes, todas plantas carnívoras. Valendo-se de uma das modalidades mais consagradas da pintura in situ, a pintura de forro, a obra pode ser visualizada a partir do primeiro ou do segundo piso.
Celacanto Provoca Maremoto
A obra de Adriana Varejão promove uma articulação entre pintura, escultura e arquitetura, revisitando elementos e referências históricos e culturais. Especialmente criada para o espaço a partir de um painel original em apenas uma parede, a obra Celacanto provoca maremoto (2004-2008) vale-se do barroco e da azulejaria portuguesa como principais referências históricas, mas também da própria história colonial que une Portugal e Brasil: afinal de contas aqui estamos nos domínios do mar, o grande elemento de ligação entre velho e novo mundos no período das grandes navegações. Colocados nos painéis formando um grid, os azulejões fazem referência à maneira desordenada e casual com a qual são repostos os azulejos quebrados dos antigos painéis barrocos. Assim, o maremoto e as feições angelicais impressas nas pinturas formam esta calculada arquitetura do caos, com modulações cromáticas e compositivas, remetendo à cadência entre ritmo e melodia.
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